quarta-feira, 30 de julho de 2008

30 de Julho

Era suposto saberem que regressaria. Talvez nunca tenham percebido muito bem porque ajo como uma corrente de ar - só se sente às vezes e termina sempre com uma porta a bater. Porém, desta vez, bati a porta durante muito tempo (mais que o suficiente), ou talvez não, visto ter descoberto que há dons que têm o seu próprio ciclo e inspirações não permanentes.

E hoje opinarei sobre complementos , reconhecidos pelo senso comum como parceiros/namorados/amantes. Todas as relações amorosas têm uma coisa em comum: descobrir e alcançar o prazer, a felicidade. De resto, nada mais há de comparável, por isso, torna-se impossível generalizar. Há relações que respiram paixão escaldante, amor ardente, desejo sexual intenso; outras, vivem da descoberta constante do outro (e de nós mesmos), de mãos dadas, de abraços apertados, de olhares penetrantes; outras sobrevivem com respeito, carinho, às vezes pena. Enfim... Somos todos diferentes, com necessidades diferentes e com sortes diferentes.

Quando é que sabemos que estamos felizes? Ou será que SOMOS felizes, deixando a felicidade de ser um estado? Porquê que uma pessoa que está perdidamente apaixonada parece mais feliz que uma que se encontra na fase da estabilidade? É essa paixão que nos faz realmente feliz ? Porque no inicio de uma relação não há certezas, o compromisso ainda não é sólido, e as pessoas só ali estão porque realmente querem, porque "o amar" e "o sentir-se amado" é uma das melhores sensações do mundo E FAZ-NOS FELIZES. Depois, há um pedido oficial, trocam-se uns beijos, chupões, linguados e apalpões, vai-se ao cinema, ao teatro, passeia-se à beira mar, visita-se uma exposição de arte, seguida de um jantar à luz das velas e terminando a noite debaixo dos lençóis de seda já aquecidos. E agora? Sim! Depois de se fazer tudo o que nesta bendita sociedade é considerado de "date", o que se faz? Para mal dos meus pecados, recomeça-se o ciclo. Mais beijos, mais lambidelas com nome de peixe, cada vez mais apalpões por já "serem um do outro", mais um filme rasco no cinema, mais uma ópera ou um bailado, mais conchas recolhidas à beira mar, mais uns quadros de Picasso (ou réplicas), mais um jantar desta vez sem velas e sem sobremesa, porque "a sobremesa sou eu, boneca!". Eu sei que o meu blog não tem muitas visitas, mas estou a confiar em algum dos próximos visitantes para me explicar o porquê de ser tudo tão mágico ao início e depois...

Já sei! "Ah e tal porque quando há amor verdadeiro as relações não morrem". ENTÃO, o que é isso de amor verdadeiro? Lembro-me bastante bem da história de uma rapariga que amou um rapaz que a amou. Foram bastante felizes durante uns tempos. Fizeram tudo o que vos falei no parágrafo anterior (beijos, cinema, praia, teatro, jantar, amor) e repetiram isso imensas vezes, mas parecia sempre a primeira vez. Um dia, o rapaz decide que estava saturado da estabilidade da relação e que tinha mais mundos para conhecer, que é como quem diz "mais gajas para comer". A rapariga como o amava, humilhava-se todos os dias, rastejando aos seus pés, chorando baba e ranho agarrada à almofada e à melhor amiga, até que se mentalizou que somos nós que nos definimos. Não é mais ninguém. Os tempos passaram e agora a rapariga encontrou o seu complemento. Nada de juras de amor, nada de paixões assolapadas; muito respeito, confiança e partilha. A questão é: em qual das relações é que existe O AMOR VERDADEIRO? Naquela em que se vive loucamente apaixonada durante um tempo mas viola-se os fundamentos básicos, como o respeito, ou naquela que nunca teve clímaxes amorosos mas que cuja base é sólida?

Vocês provavelmente dirão que cada caso é um caso.
A rapariga diz que a paixão traz uma felicidade passageira que quando passa, magoa, porque ilude.
Eu cá digo que é tudo uma questão de equilíbrio.




PS: Descobri o porquê de tanta angustia. A minha alma está a despersonalizar-se. Tenho um heterónimo.