quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

12 de Dezembro

Há duas coisas que não voltam atrás: a morte e as decisões. A morte, pelas razões que dispensam enunciação; as decisões, pelas razões que carecem de possibilidade de reflexão antes de levar a cabo as primeiras. É difícil ter uma noção das consequências dos nossos actos antes de praticá-los. Por essa razão, não podemos afirmar que decidimos com mais ou menos certeza; decidimos num momento de maior "lucidez racional" ou então num "climax emocional". Tomamos, portanto, decisões às cegas, acreditando que é a melhor decisão ou tendo consciencia do contrário. Depois de tomada, o dificil é resistir a qualquer vontade que surja que lhe seja contrária. A curto prazo, creio ser pouco provável perceber se o caminho que escolhemos foi o mais acertado, por isso não recuamos. A longo prazo, simplesmente esquecemos. É mais fácil esquecer. É mais fácil deixar de sentir. É mais fácil não voltar atrás.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

10 de Dezembro

Há três grandes tipos de pessoas: as más, as que não acrescentam nada ao mundo, e as boas. As más não merecem nada do que têm. As que não acrescentam nada ao mundo, contentam-se com o que têm e não procuram por mais. As boas merecem tudo aquilo que não conseguem ter.

Eu sou uma óptima pessoa.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

8 de Dezembro

As pessoas sentem.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

30 de Julho

Era suposto saberem que regressaria. Talvez nunca tenham percebido muito bem porque ajo como uma corrente de ar - só se sente às vezes e termina sempre com uma porta a bater. Porém, desta vez, bati a porta durante muito tempo (mais que o suficiente), ou talvez não, visto ter descoberto que há dons que têm o seu próprio ciclo e inspirações não permanentes.

E hoje opinarei sobre complementos , reconhecidos pelo senso comum como parceiros/namorados/amantes. Todas as relações amorosas têm uma coisa em comum: descobrir e alcançar o prazer, a felicidade. De resto, nada mais há de comparável, por isso, torna-se impossível generalizar. Há relações que respiram paixão escaldante, amor ardente, desejo sexual intenso; outras, vivem da descoberta constante do outro (e de nós mesmos), de mãos dadas, de abraços apertados, de olhares penetrantes; outras sobrevivem com respeito, carinho, às vezes pena. Enfim... Somos todos diferentes, com necessidades diferentes e com sortes diferentes.

Quando é que sabemos que estamos felizes? Ou será que SOMOS felizes, deixando a felicidade de ser um estado? Porquê que uma pessoa que está perdidamente apaixonada parece mais feliz que uma que se encontra na fase da estabilidade? É essa paixão que nos faz realmente feliz ? Porque no inicio de uma relação não há certezas, o compromisso ainda não é sólido, e as pessoas só ali estão porque realmente querem, porque "o amar" e "o sentir-se amado" é uma das melhores sensações do mundo E FAZ-NOS FELIZES. Depois, há um pedido oficial, trocam-se uns beijos, chupões, linguados e apalpões, vai-se ao cinema, ao teatro, passeia-se à beira mar, visita-se uma exposição de arte, seguida de um jantar à luz das velas e terminando a noite debaixo dos lençóis de seda já aquecidos. E agora? Sim! Depois de se fazer tudo o que nesta bendita sociedade é considerado de "date", o que se faz? Para mal dos meus pecados, recomeça-se o ciclo. Mais beijos, mais lambidelas com nome de peixe, cada vez mais apalpões por já "serem um do outro", mais um filme rasco no cinema, mais uma ópera ou um bailado, mais conchas recolhidas à beira mar, mais uns quadros de Picasso (ou réplicas), mais um jantar desta vez sem velas e sem sobremesa, porque "a sobremesa sou eu, boneca!". Eu sei que o meu blog não tem muitas visitas, mas estou a confiar em algum dos próximos visitantes para me explicar o porquê de ser tudo tão mágico ao início e depois...

Já sei! "Ah e tal porque quando há amor verdadeiro as relações não morrem". ENTÃO, o que é isso de amor verdadeiro? Lembro-me bastante bem da história de uma rapariga que amou um rapaz que a amou. Foram bastante felizes durante uns tempos. Fizeram tudo o que vos falei no parágrafo anterior (beijos, cinema, praia, teatro, jantar, amor) e repetiram isso imensas vezes, mas parecia sempre a primeira vez. Um dia, o rapaz decide que estava saturado da estabilidade da relação e que tinha mais mundos para conhecer, que é como quem diz "mais gajas para comer". A rapariga como o amava, humilhava-se todos os dias, rastejando aos seus pés, chorando baba e ranho agarrada à almofada e à melhor amiga, até que se mentalizou que somos nós que nos definimos. Não é mais ninguém. Os tempos passaram e agora a rapariga encontrou o seu complemento. Nada de juras de amor, nada de paixões assolapadas; muito respeito, confiança e partilha. A questão é: em qual das relações é que existe O AMOR VERDADEIRO? Naquela em que se vive loucamente apaixonada durante um tempo mas viola-se os fundamentos básicos, como o respeito, ou naquela que nunca teve clímaxes amorosos mas que cuja base é sólida?

Vocês provavelmente dirão que cada caso é um caso.
A rapariga diz que a paixão traz uma felicidade passageira que quando passa, magoa, porque ilude.
Eu cá digo que é tudo uma questão de equilíbrio.




PS: Descobri o porquê de tanta angustia. A minha alma está a despersonalizar-se. Tenho um heterónimo.

sábado, 19 de abril de 2008

20 de Abril

Constrói-me a vida; fragmenta-a em afectos, valores afectivos que pessoas, objectos, momentos possuem.
Desmonta-me, quebra-me e funde-me o ser em razões emocionais primárias - sentimentos.
Abafa-me a sociedade.
Quero ser por isso o querer, não existindo o ser observado como fruto de terceiros... Ou mero fumo de vista.
Que sociedade?

Beija-me o ser em flor,
Ama-me a perfeição,
Quer-me nem que a mal seja,
Gira-me como o sol,
Rosa-me e tulipa-me.
Pura essência.
Doce fragrância.
Natureza.
Que sociedade?

(escrito "na" reunião)

quarta-feira, 16 de abril de 2008

17 de Abril

Onde está a poesia em estar fechado
com saídas abertas
permanecer imóvel
com correntes libertas
optar pelo silêncio
se lábios rasgados
tremer o corpo
se sol ardente ?


Impossível? Imperceptível?

É o amor, meu caro!


(escrito "na" reunião)

quarta-feira, 19 de março de 2008

Acordar do mundo de sonhos capazes do real.
Levantar do leito quente capaz do frio.
Caminhar no chão arrefecido…

…capaz de esquentar com as roupas espalhadas, com o crepitar das chamas na lareira, com o fundir dos corpos na cama.
O explorar o desconhecido, desbravando o que se espraia perante os órgãos da verdade.
O suor escorrido e salgado que as mãos lambem na busca incessante de um prazer cada vez maior.
Os lábios vulneráveis deslizando pelas curvas excitantes, sentindo o gosto da pele, sugando a sensação da penugem.
As pernas entrelaçadas em movimentos ascendentes e descendentes, facultando o que de mais há de carnal em todo este prazer. Acompanhando-as, os braços tonificados acabados em mãos agarradas, ansiosas, selvagens.
Os olhares, o jogo, a troca. As cores intensas, os sentimentos profundos, o mundo que se esquece.
A respiração repetida, interrompida por alguns pontos altos, clímaxes.
A roupa que se recolhe, o corpo que se veste e o corpo que nu permanece, o arrependimento apesar do prazer sentido.


…Prosseguir até à cozinha e beber um copo de água.
Gelar a memória.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

21 de Janeiro

Incrível . Dois dias passados e ainda não me passou pela cabeça (ou por outra qualquer estação) reflectir sobre a intencionalidade dO sujeito e os efeitos salpicados em mim . Não que isso seja imprescindível . Somente se trata de um novo estado , a primeira vez de tal sentir , de tal não necessitar . Talvez a mudança de ano , os tais objectivos pouco delineados , a despreocupação com todo esse universo dO sujeito/relativo AO sujeito , tenha cortado o cordão umbilical com . As palavras vão e voltam com o vento , que não se sabe que direcção lhe dará na guelha seguir. Umas vão rumo ao Sul , e sinto-as a esquentar gradualmente , repletas de feitiço , ambiguidade , calor com intenção de substituir o humano . Outras rumam directas ao Norte , arriscando uma visita de médico aos pinguins do Prof. Francisco , ou então ao inconsciente submerso . Entre estas últimas , umas quantas perdem-se , "confundem-se e fundem-se" ( como disse a Andreia e tão bem , que bem me soou ao ouvido e ao gosto ) , na fracção do icebergue avistada do espaço (rédea curta , miserável consciência do ser) . Posto isto, argumento com a sexualidade que, segundo o grande Freud , é uma necessidade primitiva ( necessidade primitiva DESTE , pois é óbvio , consagrado ninfomaníaco por ter sido O psicólogo . Se continuo nestas andanças é pela incerta certeza de que espalharei aos sete ventos as minhas pancadas , horrendas manias , para as quais , para além de obter descontos , obterei também outras denominações , tais como , teorias.) . Por que quando ele , daqui a uns anos regressar ao porto que abandonou aos seus infantis 17 anos , não verá caravelas , nem tão pouco frotas , nem tão pouco um colchão com alguém ( sendo esse alguém eu própria ) que o aqueça ( desvalorizando-se , assim , a evolução tecnológica ) e que ( que tal calor carece razão ) não seja invadido à superfície pelos percevejos que , entranhados nas fibras do colchão , aguardam , ansiosos e repugnantes , o momento em que possam ascender ao leito e ao sangue , sem se darem ao trabalho de se alimentar ao "som" do bungee jumping , receosos de uma indigestão .
Sinto-me capaz de falar de normalização ( os percevejos são mais do que eu e o sujeito . De certo nos renderemos ) , de conformismo ( aceito todos os termos e assino todos os tratados, dando a minha palavra de honra [que é translúcida aquando da aflitiva comichão] ) , e de obediência ( já me vejo a marchar , deitar , tapar até sufocar as bochechas e esperar pelo ataque da patrulha percevejal ) , mas ... não o vou fazer . Porquê ? Porque , na realidade , a felicidade encontra-se tão banalizada quanto o amor , que , se o que me esboça um sorriso no gesto não sendo este fruto do poder consumista, é o escrever aquando do rompimento da veia poética , adormecida pela das artes do corpo , e se isto é banal e pode colocar-se à venda por 80 euros ... Não quero ser feliz .

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

3 de Janeiro

Ano novo , vida nova . O início de um novo ano requer a elaboração de uma lista de objectivos para o mesmo . Pela primeira vez , não elaborei essa lista . Nada pedi . Pouco desejei , exceptuando felicidade para os que me são . No fim de contas , nem a própria decisão que tomei me preenche todo este campo vazio . É algo certo . Uma conclusão de séculos . Algo racional em mim . Mas não há racionalidade capaz de ir contra o que se sente , não é verdade ? Não , não é . É tudo uma questão de tempo até se atenuar o sentimento e a razão erguer a voz . Estou feliz porque sei que definitivamente acabou .

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

2 de Janeiro

quero alguém que tudo não me garanta , mas que me garanta o essencial no momento .

Provavelmente a primeira coisa mais acertada que disse em 2008 .